segunda-feira, 3 de março de 2008

Cinco linguagens do amor, Dr. Gary Chapman.

Dani é uma universitária muito admirada por seus professores. É o tipo da “cdf” que todo mundo conhece: estuda muito, presta atenção nas aulas, e faz todas os trabalhos que os professores passam. Se podemos dizer assim, Dani frequentemente recebe o carinho de seus professores e colegas através de palavras de elogios sobre seu desempenho no curso. Ela ama o que faz e se dedica ao máximo para fazer um bom curso.
Contudo, há um probleminha: Dani não se sente amada. Na verdade, ela nunca se sentiu amada de verdade. Todos olham para ela e enxergam nela uma pessoa feliz. Uma pessoa que enfrenta dificuldades e tem que resolver problemas como qualquer pessoa, mas que fora isso, tem uma vida muito boa. Dani mora com a família (mãe e irmão), eles são muito carinhosos entre si e, desde que seus pais se separaram quando ela era apenas um bebê, se ajudam em tudo. Uma família muito bonita. Ela mesmo afirma isso.
Mesmo assim, Dani continua não se sentindo verdadeiramente amada. Não, Dani não sofre de nenhuma crise de baixa auto-estima, não é ingrata pelo que Deus lhe deu na vida e nem exige demais das pessoas. Ela simplesmente não recebe amor pela linguagem que estão falando com ela. Dani escuta muito sobre seu bom desempenho na faculdade, tanto dos professores como de sua família, recebe apoio e conselhos sempre que pede, mas essa não é a linguagem do amor que Dani fala.
Dani está mais que suprida da linguagem chamada de palavras de afirmação. Todos a elogiam pelo que ela é e faz. Muitos a apoiam com palavras de incentivo diante de seus desafios e com conselhos quando suas dúvidas surgem. Mas a linguagem do amor de Dani é o que se chama de tempo de qualidade.
Tempo de qualidade pode ser qualquer coisa: um passeio no parque, uma caminhada na praia acompanhada de uma boa conversa, uma pescaria, ou mesmo uma conversa sentado na área de casa (lembro muito daquelas cadeiras de fios de plástico trançado, onde você pode tirar os calçados e escorar os pés nela dobrando as pernas, enquanto se inclina no encosto e consegue olhar para as estrelas). Tempo de qualidade não é o que se faz, mas simplesmente dedicar um tempo para a pessoa. Um tempo para uma conversa séria, para umas boas risadas, ou mesmo para brincadeiras ou bobagens que podemos falar de vez em quando.
Dani não tinha isso e por isso não se sentia amada. Nesse mundo louco e corrido, ela dificilmente conseguia se encontrar com alguém para passar esses momentos. Dentro da sua casa, com sua família ela também nunca tinha tido isso. A mãe trabalhou desde sempre para sustentar os filhos depois que o pai deixou a família e tudo sempre foi muito corrido.
Nem em seu relacionamento com Deus Dani se sentia verdadeiramente amada. Ela sempre ouviu que é preciso dedicar tempo em oração junto com Deus, que sem oração ninguém vai a lugar nenhum. Dani sabia disso, mas gostava muito mais de ficar horas e horas lendo a Bíblia ou livros que falassem sobre Deus. Ela não considerava isso um tempo separado para Deus e achava que Deus a amava menos por isso. Quando Dani leu um livro chamado “As cinco linguagens do amor de Deus” do Dr. Gary Chapman, ela descobriu que seus momentos de leitura e reflexão eram sim demonstrações de amor para Deus e que as revelações de sabedoria que ela sempre tivera por parte de Deus nesses momentos foram uma retribuição de Deus e uma demonstração de amor por parte Dele.
Daí em diante tudo mudou. Dani se sentiu verdadeiramente amada por Deus por saber que Deus dedicava tempo de qualidade a ela. Que Deus passava tempo com ela naquelas leituras e que Ele se agradava disso. Essa era a linguagem do amor dela: tempo de qualidade. Pronto: ela se sentiu cheia de amor, realizada por entender que Deus realmente a amava e que dava a ela muitos momentos para que ela pudesse ler e refletir sobre Sua palavra e Seus ensinamentos.
A partir Dani percebeu que as pessoas a amavam mas que não estavam falando sua linguagem. As pessoas que ela gostaria de passar um tempo junta expressavam amor de outras maneiras: falando, servindo, dando presentes ou simplesmente tocando. Mas Dani precisava passar tempo com as pessoas; era assim que ela enchia sem tanque de amor. Se ela não fizesse isso ela ficaria de tanque vazio, murcha com uma rosa esquecida ou seca como uma planta sem água. Ela precisava de tempo com as pessoas e mesmo que as pessoas falassem de outra maneira, expressando amor em outra linguagem, ela não era abastecida por isso.
Quando uma pessoa não recebe amor na sua linguagem principal, ela não se sentirá verdadeiramente amada de nenhuma outra forma. Podemos fazer o que quiser que não vai dar certo. Sempre estará faltando algo, sempre estará se sentindo vazia.
Deus se comunica conosco através de linguagens específicas. Ou melhor, ele expressa seu amor por nós de maneiras bem simples, mas que por várias vezes não conseguimos entender. Cada pessoa tem seu jeito principal de demonstrar e receber amor; é o mesmo Deus operando em todos com o mesmo espírito de santidade.


Palavras de afirmação

Deus realmente nos ama e Ele diz constantemente na Bíblia. Repetidas vezes Deus fala a seus filhos que é bom estar com eles, que Ele quer habitar no meio deles e que seu maior prazer é quando eles param para escutar a sua voz em seus corações. Quantas e quantas vezes Deus nos chama para escutarmos algumas dicas, para aprendermos um pouco mais das suas palavras e ouvir do seu amor e cuidado por nós. No livro de Jeremias 31.3 podemos ler uma das várias declarações de amor de Deus; Ele diz “com amor eterno te amei, por isso com bondade de atraí.”
“Com amor eterno te amei e por isso com bondade te atraí”: esta é uma declaração de Deus que está lá no Antigo Testamento. Desde sempre Deus tem nos amado e por isso espera que suas palavras sejam ouvidas. Ele por várias vezes repete nossas qualidades e nossas boas atitudes quando fazemos o que é certo. Mesmo com todo o amor que Deus declara a nós, muita vezes nos pegamos fazendo e pensando coisas que não tem nada a ver com Deus. Daí nos arrebentamos e ficamos remoendo nossa des-graça.
Mas nunca é tarde para fazermos as pazes com nosso Pai e escutar dele palavras de acolhida. Esse cuidado de Pai que Deus tem mesmo com um filho sujo (como uma criança coberta de lama) pode ser lido no livro de Isaías 48.18 onde encontramos estas palavras: “Ah se tivessem dado ouvidos aos meus mandamentos! Então seria a tua paz como um rio e a tua justiça como as ondas do mar.” No entanto, não demore porque Jesus disse para que todos que estivessem cansados e sobrecarregados fossem a ele....Isso é que é amor!
Ah sim, Deus expressa seu amor usando palavras de afirmação, falando e repetindo que nos ama e que se importa conosco.


Tempo de qualidade

Meu Pai, essa foi a parte que mais me tocou. Essa foi a parte que não me interessou apenas pelo fato da sabedoria, mas sobretudo por ser a maneira que mais eu recebo de Deus e das pessoas: tempo de qualidade.
Tempo de qualidade é estar junto com Deus lendo e meditando na sua palavra ou em qualquer outro texto que fale de sua palavra ou de seu caráter. Tempo de qualidade é orar a Deus e saber que Ele lhe ouve e responde às suas petições. Tempo de qualidade é investir tempo na relação com Ele e perceber que há uma retribuição. Deus sempre nos chama para termos boas horas de conversa, sempre nos chama para termos bons momentos juntos seja fazendo o que for, Deus sempre nos chama para passarmos bons momentos juntos. Caminhando, dançando, escrevendo, ou mesmo assistindo um por do sol e pensando baixinho.
Durante o carnaval estive em um retiro que o tema foi tirado de Tiago 4.8: “Cheguem-se a mim e eu me achegarei a vocês” Que coisa boa! Esse é um convite aberto para termos um tempo de qualidade com nosso pai. Foi um tempo fantástico que tive com Deus naqueles dias. Deus se aproxima de todo aquele que lhe chama verdadeiramente (Sl 145.18). Não pode ser só da boca para fora, tem que ser com todo o carinho que usamos para convidar um amigo a ir na nossa casa. Aliás, por muitas vezes Deus vem até nós através de amigos. Quantas e quantas vezes tive momentos de qualidade com amigos que aparentemente eram só para jogar conversa fora, mas no meio da conversa apareceu um assunto sério e ouvi de meu amigo uma palavra de Deus para me auxiliar em minhas decisões.
Tempo de qualidade, meus amigos, é uma linguagem fantástica que Deus usa para expressar seu amor por nós.



Presentes

Quem não gosta de ganhar presentes. Presentes são uma linguagem universal do amor. Dar presentes a alguém é dizer: estava pensando em você e decidi lhe trazer essa lembrança para expressar o quanto o amo.
Mas existem pessoas que têm no ato de presentear a sua principal linguagem do amor. Pessoas que se realizam dando e recebendo presentes. Essas pessoas demonstram sua atenção e cuidado com as outras que as cercam trazendo os mais variados presentes, da mais simples lembrancinha aos presentes mais caros e imponentes. Não importa o tamanho ou o preço, há pessoas que pessoas que só se sentem realmente amadas quando recebem um presente. E Deus é um deus que dá presentes a seus filhos. Seja um terra prometida, seja um vitória frente a um desafio, seja uma esposa para aquele que espera Nele, sejam roupas ou até carros para os mais ousados. Não importa, Deus não mede esforços para agradar e demonstrar amos a seus filhos. Que maravilha!


Atos de serviço

Assim como Deus faz conosco, há pessoas que expressam seu amor às outras pessoas com atos de serviço. Assim como Deus que promete ir à frente em nossas batalhas e pelejar por nós, que afirma constantemente que sua mão forte está adiante de nós nas mais variadas situações, há pessoas que também expressam seu amor fazendo coisas, servindo.
Pessoas abnegadas que não medem esforços para ajudar, para prestar auxílio, para, se necessário, carregar outras pessoas no colo se for necessário. Essas pessoas são vistas como muito prestativas, pessoas que doam de si mesmas e sempre tentam fazer o melhor para o outro.
E qual o melhor exemplo disso do que Deus, que fez com que seu próprio filho morrece na cruz por nós sendo o maior dos servos. Aquele que poderia reivindicar para si todos os méritos e regalias por ser o rei dos reis, servir como o mais simples dos homens poderia fazer, ou melhor, fez o que nem o mais simples dos homens poderia: dar a vida por nós. Um ato de dedicação completa. Deus é bom e grande em misericórdia. Não olhando para nossos defeitos, ele foi o maior exemplo de demonstrar amor através dos atos de serviço.


Toque

Há pessoas que demonstram amor através de abraços, apertos de mão ou qualquer outra atitude que envolva o toque em outras pessoas. Isso parece ser meio sem sentido, mas se você pensar nas pessoas que estão abandonadas em asilos ou casas de recuperação, sofrendo de lepra ou simplesmente esquecidas por seus familiares, você verá que umas das coisas mais importantes para essas pessoas é um simples abraço ou um aperto de mão. São pessoas que foram abandonadas pelos amigos e pela família, pessoas que perderam completamente o contato e a atenção daqueles que amavam; pessoas que não sentem o calor de um beijo de bom dia há anos. Essas pessoas se importam com coisas tão simples como um abraço ou um aperto de mão.
Esse tipo de demonstração de amor pode ser mais difícil de identificar em povos europeus que são de certa forma mais comedidos em suas expressões de carinho, mas para nós latinos isso é bem mais comum. Quantas e quantas vezes nos deparamos com algum conhecido que dá aquele abraço bem apertado em todo mundo que encontra?
Eu estudava em um colégio de padres. Era um colégio muito grande e com várias opções de laser para os alunos. Havia várias modalidades esportivas sendo oferecidas fora do horário de aula para os alunos, aulas de dança e de música também; tinha até xadrez. Eu participei de algumas dessas atividades. Foram bons anos aqueles. Mas uma coisa que estou lembrando também é que havia naquele colégio um padre velhinho, bem velhinho, que não conseguia nem falar direito. Sua voz era já bem fraca e pouco som impulsionava suas palavras. Mas uma coisa ele fazia todos os recreios, todos os dias: apertava a mão dos meninos mais novos. Os meninos faziam fila para que ele apertasse suas mãos. Ele apertava forte, balançava e sorria para os meninos enquanto eles esperniavam de dor e sorriam ao mesmo tempo. Vários e vários meninos ficavam naquela fila todos os dias e se sentiam amados com aquele aperto de mão, com certeza. Lembranças da vida.

Desde a década 1970, o dr. Gary Chapman vem investindo no estudo de como potencializar o mais nobre dos sentimentos em relacionamentos afetivos: o amor. Em As cinco linguagens do amor, traduzido para 32 idiomas, Chapman bate na seguinte tecla: "o amor não depende exclusivamente das emoções. Amor é o que você faz e diz, não apenas o que você sente".

Essa leitura foi reveladora para mim. Espero que seja para você também.