terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A família no Antigo Testamento – história e sociologia, de Esdras C. Bentho.

Estamos diante de um livro muito detalhista. O autor Esdras C. Bentho nos apresenta uma pesquisa rica e enxuta para aqueles que gostam da exploração de palavras hebraicas, gregas, latinas, enfim, a utilização de diversos idiomas com o objetivo de enriquecer o entendimento acerca dos textos bíblicos.
O livro é composto de dez capítulos: análise sócio-histórica da família, o casamento no Antigo Testamento, o divórcio, poligamia e esterilidade, a mulher no Antigo Testamento, etc. Todos os capítulos dando ênfase ao estudo de como a família era entendida no período patriarcal e sua colocação no meio social.
Para servir como exemplo, podemos citar a análise que o autor faz da palavra ba’al que aparece em Is 3.14 e em Jr 54.5. A palavra ba’al aparece em ambas passagens com o significado “possuir”, “dono”, “marido”, fazendo referência ao casamento civil. E a mesma palavra tem um uso teológico com relação à aliança entre Deus e Israel, em Dt 24.1 e Jr 31.32, com o sentido de “casar”, “desposar”.
Um outro exemplo é o uso da palavra hebraica garash para significar “divórcio” no texto que relata a expulsão de Adão e a mulher do jardim do Éden em Gn 3.23.
E a título de curiosidade, vocês sabiam que o homem israelita era dispensado um ano do serviço militar, obrigatório para todos sempre que havia a necessidade, assim que se casava? Essa lei expressa em Dt 20.7 e 24.5 objetivava a integridade da família e a criação dos filhos, além do estreitamento dos laços matrimoniais e afetivos entre os recém-casados, já que o casamento era, na maioria das vezes, um acordo arranjado entre as famílias.
Durante a leitura pode-se perceber várias comparações que o autor faz das leis e costumes que compõem e envolvem o Antigo Testamento com outros códigos civis da região da Mesopotâmia, tal como o conhecido Código de Hamurabi, e outros menos populares como o de Nuzi e o Código Assírio; comparações que ajudam e muito a entender o contexto da época.
Com um texto rico em informações bem fundamentadas e uma diversidade de fontes seguras na utilização da pesquisa, estamos certos de afirmar que esse livro será para o amante da pesquisa uma ótima fonte para consulta, e para o leitor menos acurado será um banquete de novidades bíblicas (o livro traz todo o alfabeto hebraico logo nas primeiras páginas).
Esdras C. Bentho é bacharel em Teologia e professor de Hermenêutica e Exegese.

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