terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Onde está Deus quando chega a dor, Philip Yancey

“Um livro maravilhoso. Uma obra-prima, completa, tocante, sem ser piegas. É o tipo de livro que você pensa que não prenderá sua atenção, mas que depois não consegue largar.” Jerry Jenkins, autor de onze livros que saíram na lista de mais vendidos do The New York Times, como a série Deixados para trás.

O sofrimento não é algo que passa desapercebido em nossas vidas. Verdadeiramente. Contudo, isso não significa não estejamos na presença de Deus quando a dor chega. “Em Jesus, Deus oferece um olhar pessoal e claro de sua reação ao sofrimento humano. Todas as nossas questões sobre Deus e o sofrimento deveriam, realmente, passar pelo filtro de nosso conhecimento sobre Jesus.” (p. 207) Deus não se eximiu da dor e se tornou um de nós. “No relato da Bíblia sobre a última noite de Jesus na terra, podemos ver uma forte luta contra o medo, o desamparo e a desesperança, as mesmas fronteiras que todos nós encontramos em nosso sofrimento.” (Idem)
“A cruz, imagem mais universal na religião cristã, oferece a prova de que Deus se importa com o sofrimento e a dor. Ele morreu por isso. Esse símbolo permanece único entre todas as religiões do mundo. Muitas delas têm deuses, mas somente uma tem um Deus que se importa o bastante para tornar-se homem e morrer.” (p. 208) Podemos ouvir o som do grito de Deus que diz aos seres humanos: AMO VOCÊS. “Deus não ficou lá em cima assistindo à conspiração dos trágicos eventos que se passavam aqui em baixo.” (p. 209)
A morte e a ressurreição de Jesus Cristo oferece mais que uma resposta teológica e abstrata para o problema da dor. Ela oferece uma ajuda prática e real em nossa luta contra o sofrimento. É possível identificar quatro maneiras pelas quais afetar o sofrimento ao se olhar para o milagre da cruz: (1) aprender a julgar o presente pelo futuro, não se esquecendo na escuridão aquilo que se aprendeu na luz, (2) aprender o exemplo da dor transformada, sentindo a dor como um ultraje assim como Jesus sentiu, mas estando disposto a enfrentar e o sofrimento para servir a um objetivo maior, (3) aprender um novo sentido para o sofrimento, sabendo que somos participantes do sofrimento de Cristo e ajudamos a realizar os propósitos redentores de Deus no mundo participando com ele da batalha para expulsar o mal deste planeta, (4) ter certeza de que Deus realmente entende minha dor, pois a presença do sofrimento não significa que Deus nos esqueceu, ao contrário, ao se juntar conosco na terra, o Senhor deu uma prova viva e histórica de que ouve nossos gemidos e também geme conosco. (pp. 210-215)
“Jesus, que não pecou, sofreu. Deus nunca prometeu (...) que os micróbios desaparecerão do corpo dos cristãos. Não estamos isentos das tragédias do mundo, assim como o próprio Deus não estava. Lembre-se de que Pedro mereceu a maior reprimenda de Jesus quando protestou contra a necessidade de Cristo sofrer (Mt 16).” (p. 211)
Ao participarmos do sofrimento de Cristo temos a certeza de que participamos de seu corpo. Os evangelhos nos mostram um Deus ao lado de nós, já as cartas dos apóstolos nos mostram um Deus interior (p. 216). São visões complementares que nos aproximam cada vez mais da vivência do amor de Deus por nós.
Como corpo devemos repassar a consolação que recebemos (2Co 1.4,5) e nos unirmos cada vez mais. Assim reage o corpo: “Se você pisar em meu dedo, vou gritar (...) Sei muito bem que o dedo é meu porque seu pé está sobre os meus sensórios da dor. A dor me define, define meus limites.” (p. 218) Através dela também somos capacitados por Deus a superar nossos limites e ampliar nossos horizontes, como que exaltados nos montes por aquele que nos chamou.
Para finalizar esse pequeno texto quero salientar a diferenciação que Yancey apresenta entre dor e sofrimento apresentada pelo Dr. Paul Brand: “Na sociedade humana sofremos porque não sentimos muita dor. Grande parte da tristeza existente no mundo tem como motivo o egoísmo do ser humano, que simplesmente não se incomoda com o sofrimento do próximo. No corpo humano, quando uma célula ou um grupo de células cresce e se desenvolve à custa do resto do organismo, chamamos isso de câncer (...) Entretanto, a alternativa para que o câncer não se desenvolva é a absoluta lealdade de cada célula para como o corpo e para com a cabeça.” (p. 219)
Para terminarmos, é bom dizer que “existe uma grande diferença que a maior parte das pessoas enfrenta – machucar-se ao esquiar, ter um tipo de câncer raro, sofrer um acidente de ônibus – e o sofrimento como castigo descrito no Antigo Testamento. Ali, o castigo acontece depois de várias advertências contra um comportamento específico. Na verdade, para ser eficaz o castigo requer uma clara ligação com o comportamento. Imagine um pai que castiga o filho pequeno. Não faria muito sentido ele aparecer de surpresa diante do em determinados momentos do dia e dar um sermão. Essa tática produziria um filho neurótico, não obediente.” (pp. 73-74)
Como é bom o conhecimento que vem de Deus.

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