terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Coração selvagem – Descobrindo os segredos da alma do homem, John Eldredge

Estamos diante de um livro transformador. Muitas vezes fico receoso de dizer isso de um livro por se tratar de algo muito pessoal, mas esse aqui é poderoso.
Com simplicidade e fundamentação sólida, o autor fala a respeito dos meandros da alma masculina. Começa por dizer que há uma diferença básica entre homens e mulheres desde a criação do mundo: a mulher foi criada dentro da beleza do jardim, já o homem foi criado antes, nas partes indomadas da criação (p. 15). Há uma diferença entre o coração masculino e o feminino, mas ambos retratam o coração de Deus (p. 19).
Sendo assim, a aventura com todo seu perigo e sua selvageria indispensáveis é um desejo espiritual inscrito na alma do homem (p. 16), pois o senhor é varão de guerra (Ex 15.3), e mesmo que a aventura requeira algo de nós, mesmo que ela nos coloque à prova, e embora a temamos, nós homens ansiamos por ela porquê ansiamos por sermos testados e descobrirmos que temos o que é necessário (p. 20).
Contudo, essa saga não é solitária. O homem não pode ser um herói solitário, e não o quer ser. Para ele é necessário ser herói para alguém. Adão recebeu todos os elementos para uma boa aventura, mas ainda faltava-lhe uma mulher (p. 25). Bom, mas isso é somente o que encontramos no primeiro capítulo. Vamos em frente.
Tal como existe algo impetuoso e selvagem no coração de Deus (Ap 19), também há no homem traços dessas características (p. 38). No coração de Adão havia impetuosidade, selvageria e paixão – todos ingredientes indispensáveis para se viver uma boa aventura. Já no coração da mulher havia beleza, mistério e ternura, que também são traços do caráter de Deus (p. 44).
Contudo, quando não atentamos para essas diferenças e tendemos a julgar todas as pessoas iguais acabamos por fazer um mundo repleto de caricaturas de masculinidade: mulheres solitárias, viúvas esportivas, filhos sem pais, pais que não brincam com seus filhos (p. 49). Hoje em dia os homens estão recusando-se a lutar, estão negando sua natureza guerreira seja por uma imposição da sociedade, seja por pura covardia; mas uma coisa é inegável: o homem nasceu em um mundo em guerra (p. 55) e se não tomar posição diante da vida seu coração ficará cheio de ira, lascívia, e medo (p. 49), pois cada omissão do homem é um tijolo na fortaleza que o encarcera. O homem não deve se surpreender quando for atacado (p. 86). Um homem não pode se esconder, ele deve lutar por sua amada e pelo coração dela, já que desfrutar da beleza da mulher sem querer enfrentar os desafios é egoísmo, é pornografia.
Na verdade, um homem precisa de uma batalha para lutar a fim de treinar e aprimorar seu guerreiro interior, pois todo homem é um guerreiro mas lutar é decisão de cada um (p. 134). Um guerreiro difere de um mercenário justamente por ter uma causa para lutar maior do que ele mesmo (p. 136).
Homens estão trocando seu espírito aventureiro pelo senso de responsabilidade. Estão negando que há batalhas a lutar. Isso tem uma causa fundamental: desde a omissão de Adão diante do assédio da serpente, os homens convivem com um medo, o medo de não terem o suficiente (p. 61-3). Desde então, o medo mais profundo do homem é ser exposto como um impostor (p. 51). Diante de tal medo os homens esquecem que Deus colocou desejos em seus corações e esses desejos revelam um propósito e apontam para um destino (p. 54), mas é por isso que os homens devem procurar conhecer suas almas para validar suas vidas (p. 88). A coragem nada mais é que o forte desejo de viver sob a prontidão para morrer (p. 160). É por isso que um guerreiro deve ter como principal arma a disciplina. Ela é nada mais, nada menos, que uma questão de sobrevivência no campo de batalha que é a vida (p. 162). Essa disciplina objetiva uma conexão com o Pai, pois se você não a tem de uma forma profunda, certamente se voltará para outros amores (p. 162).
Em contrapartida, a mulher também deturpa sua posição ao ceder aos encantos da serpente. Ao ceder ao engano a mulher nega sua natureza de auxiliadora e companheira e cai no vazio do controle e da solidão; não sendo mais fonte de vida (p. 57).
Já no capítulo quatro vemos que a principal pergunta de um homem é: “sou capaz?” (p. 68). Isso porque vivemos em uma sociedade que a família é cada vez mais dilacerada e esfacelada pelas lutas da vida. E mesmo assim algo importantíssimo não mudou desde a fundação do mundo: a masculinidade é outorgada, é de pai para filho (p. 68). Uma dica: pergunte ao Pai o que ele pensa de você (p. 129). O homem passa a vida inteira buscando alcançar a aprovação que seu pai não lhe deu (p. 88) e quando deixa de ser criança acaba buscando isso na mulher. Contudo, a masculinidade não vem da feminilidade (p. 91). Diante das tentações os homens acabam se afundando na busca da masculinidade ao se envolverem com mulheres e mais mulheres sem saberem que estão procurando no lugar errado (p. 90). O lugar mais letal para o homem procurar suas respostas é a mulher (p. 89). A grande mentira é que, ao recuperar a mulher, ele recuperaria sua masculinidade perdida (p. 90). Errado, a resposta está no próprio homem e em nenhum outro lugar (p. 93). Um homem não precisa de uma mulher para conseguir ou validar sua força, ele precisa de uma mulher para oferecer sua força (p. 112). Um homem precisa de uma missão maior que uma mulher, pois a mulher está sendo colocada no lugar de Deus (p. 111-12).
Falando um pouco da educação dos filhos, chega um determinado momento que o menino sente mais necessidade do pai do que da mãe (p. 69). Na maioria das vezes a mãe se sente rejeitada e o garoto se sente culpado quando ela não o deixa ir e ele reage com agressividade (p. 71). Mães e pais, é errado pensar que a natureza inerentemente agressiva dos meninos é má (p. 81). O que estamos querendo dizer aqui é que a sociedade produz muitos meninos, mas cada vez menos homens (p. 83).
Vejamos o exemplo das escolas. Os procedimentos disciplinares das escolas de hoje não foram feitos para os meninos (p. 82). Eles são obrigados a ficar horas sentados sem nenhum movimento ou aventura. Um homem precisa de iniciação, saber de onde veio e realmente ser testado, pois a confiança de outro homem passa a alimentar a confiança dele próprio (pp. 97-9).
Nessa jornada de recuperação da verdadeira masculinidade, tudo começa quando o falso eu fracassa (p. 107). A única coisa mais trágica do que a tragédia que acontece é a maneira como lidamos com ela (p. 103). O início do tratamento começa quando Deus abre essa ferida para cura-la, para só depois fazer com que nossos talentos brotem de algo genuíno (p. 107). Tenhamos coragem porque aquele que quiser salvar sua vida, vai perde-la (Lc 9.24, p. 25). A proximidade com Deus através do sacrifício de Jesus possibilita a proximidade com a ferida (pp. 116 e 124). É preciso para de negar a ferida e entrar nela, pois só assim permitiremos que Deus nos ame (p. 125). O talento de um homem está em sua ferida (p. 131) e o Pai está querendo que nós desenvolvamos esse talento através de seu perdão. Porque perdão é amor e tanto o perdão de Deus para nós como o nosso próprio perdão têm o poder de libertar um prisioneiro: nós mesmos. Perdão é uma escolha, querido, e não um sentimento (p. 127).
Aqui quero fazer um comentário particular: o grande erro é identificarmos benção com facilidade. Penso que seja melhor vê-la como emparelhamento de trajetórias, ou cooperação, e na maioria das vezes superação de obstáculos de maneira ativa, já que a maioria das vitórias bíblicas relatadas foram suadas (p. 108).
A estratégia inimiga é fazer com que nós busquemos uma vida de independência, mas Jesus dependia do Pai (pp. 117-18). E porque nós não faremos isso? Deus o considera um companheiro no campo de batalha (p. 135), mas estamos fugindo de nossa força (p. 141) ao nos recusarmos a entrar na luta por ficarmos remoendo as dúvidas em uma confusão de pensamentos (p. 144-45). Não há pecado entre nós e o espírito do Pai, mas entre este e o falso eu (Rm 7.20, p. 138). Por exemplo, o descontrole sexual antes de pecado é uma batalha pelas forças do homem (p. 140). Mesmo se nós decidirmos não entrar na guerra, nós já estaremos nela, mas nós não podemos lutar em uma batalha se nós não acreditarmos que ela exista (p. 151).
Quanto aos nossos companheiros de batalha, nós não precisamos de muitos amigos, precisamos é de poucos companheiros de trincheira para não cairmos na armadilha da solidão (p. 165). E sem medo de errar, suas feridas a serviço do Deus dos exércitos são um atestado de honra (p. 166).
Meus amigos, a vida não é um problema que deve ser resolvido, é uma aventura para ser vivida (p. 185). Aceitar o risco da vida é viver pela fé e isso é bom aos olhos de Deus. Ao sacrificar sua alma e seu poder, insistindo em controlar as coisas para diminuir os riscos, você pode perder sua alma antes mesmo de morrer (p. 189). Não pergunte do que o mundo precisa, pergunte o que lhe faz viver ativamente, porque o mundo precisa de pessoas vivificadas (p. 186). Deus lhe deu uma missão: licença para explorar a criação. “Como” nunca é a pergunta correta, isso é falta de fé (p. 191). Deixe as pessoas sentirem o peso de sua personalidade e deixe que elas lidem com isso (p. 142).

A família no Antigo Testamento – história e sociologia, de Esdras C. Bentho.

Estamos diante de um livro muito detalhista. O autor Esdras C. Bentho nos apresenta uma pesquisa rica e enxuta para aqueles que gostam da exploração de palavras hebraicas, gregas, latinas, enfim, a utilização de diversos idiomas com o objetivo de enriquecer o entendimento acerca dos textos bíblicos.
O livro é composto de dez capítulos: análise sócio-histórica da família, o casamento no Antigo Testamento, o divórcio, poligamia e esterilidade, a mulher no Antigo Testamento, etc. Todos os capítulos dando ênfase ao estudo de como a família era entendida no período patriarcal e sua colocação no meio social.
Para servir como exemplo, podemos citar a análise que o autor faz da palavra ba’al que aparece em Is 3.14 e em Jr 54.5. A palavra ba’al aparece em ambas passagens com o significado “possuir”, “dono”, “marido”, fazendo referência ao casamento civil. E a mesma palavra tem um uso teológico com relação à aliança entre Deus e Israel, em Dt 24.1 e Jr 31.32, com o sentido de “casar”, “desposar”.
Um outro exemplo é o uso da palavra hebraica garash para significar “divórcio” no texto que relata a expulsão de Adão e a mulher do jardim do Éden em Gn 3.23.
E a título de curiosidade, vocês sabiam que o homem israelita era dispensado um ano do serviço militar, obrigatório para todos sempre que havia a necessidade, assim que se casava? Essa lei expressa em Dt 20.7 e 24.5 objetivava a integridade da família e a criação dos filhos, além do estreitamento dos laços matrimoniais e afetivos entre os recém-casados, já que o casamento era, na maioria das vezes, um acordo arranjado entre as famílias.
Durante a leitura pode-se perceber várias comparações que o autor faz das leis e costumes que compõem e envolvem o Antigo Testamento com outros códigos civis da região da Mesopotâmia, tal como o conhecido Código de Hamurabi, e outros menos populares como o de Nuzi e o Código Assírio; comparações que ajudam e muito a entender o contexto da época.
Com um texto rico em informações bem fundamentadas e uma diversidade de fontes seguras na utilização da pesquisa, estamos certos de afirmar que esse livro será para o amante da pesquisa uma ótima fonte para consulta, e para o leitor menos acurado será um banquete de novidades bíblicas (o livro traz todo o alfabeto hebraico logo nas primeiras páginas).
Esdras C. Bentho é bacharel em Teologia e professor de Hermenêutica e Exegese.

O silêncio de Adão, de Larry Crabb (com Don Hudson e Al Andrews)

Estamos diante de um livro muito bom. Um livro voltado para a alma masculina. Uma leitura de riqueza inestimável. Os autores abordam questões específicas que acometem os homens e tratam diretamente e com firmeza de temas muito pertinentes à masculinidade.
O foco do livro é evidenciar uma fraqueza na alma masculina que é cada vez mais freqüente. Os autores abordam as chagas dessa desventura e também salientam caminhos para que os homens possam vencer seus desafios.
Este livro é tão bom que nem sei por onde começar. Vejamos. Em Gn 3.6 nós encontramos uma passagem que é interessante para começarmos: podemos ler que a mulher comeu do fruto da árvore proibida e deu para o homem, que estava com ela e comeu também (p. 117). Adão se calou. Adão poderia ter dito não. Adão poderia ter tomado uma posição e expressado isso diante daquela situação crucial, mas não o fez. Desde então, podemos perceber essa mesma conduta que sinaliza uma deturpação da verdadeira masculinidade que Deus deu para todos os homens e espera que todos a exerçam de maneira plena.
O homem se negou a falar. Negou-se a seguir o exemplo de seu próprio Pai que estabeleceu um relacionamento com a criação apenas com o poder da sua palavra. Adão, com seu silêncio, rompeu um relacionamento e foi condenado ao trabalho, contrariamente a um princípio de Deus em que a palavra gera descanso.
Desde a criação, o desígnio do homem é falar, é tomar posição diante dos fatos. É ter a firmeza necessária para enfrentar os desafios da vida. A verdadeira masculinidade é um ímpeto, uma energia natural dentro do coração de todo homem, um poder para mover-se na vida (pp. 50-1).
Contudo, ao mover-se, o homem entra no terreno do incontrolável, do inesperado. O homem pouco viril sente fortemente o medo do incontrolável, onde seus talentos são inúteis, mas nega fortemente isso dentro dele (p. 53). É neste ponto que ele pode virar o jogo. Para um homem que é eminentemente controlador para disfarçar sua fraqueza, pode parecer vergonhoso estar perdido no meio do incontrolável, mas é aí que se gera a verdadeira dependência, a dependência do Pai (p. 74).
Nesse ponto encontramos algo crucial: se o homem que se move não segura na mão do Pai e aceita ser dependente dele, então ele se relacionará com as outras pessoas de maneira carente ou controladora, e ambas são formas corrompidas da verdadeira masculinidade que provém de Deus (p. 154). Numa postura de carência, mesmo o carinho dado é sintoma de uma carência, e numa postura controladora, a decepção frente a uma necessidade não atendida acarreta reações raivosas com intenção de ferir (pp. 163-4).
Uma conduta genuinamente masculina produz um contentamento que sobrevive à perda, um gozo que perpassa o sofrimento, uma confiança humilde que persiste durante o fracasso ou o contratempo (p. 155). O homem deve diferenciar a força do poder e a fraqueza da sensibilidade. A combinação que Deus quer é força acompanhada de sensibilidade, mas isso gera um desconforto em nosso meio. Estamos acostumados a tal ponto com uma masculinidade corrompida que a sensibilidade chega a gerar um sentimento de inadequação para os homens que a têm, tendendo a autopiedade e a um aflitivo descontentamento, já a força, sozinha, gera uma dureza distanciadora e uma atrofia sentimental (p. 178). O desejo de Deus é que os dois estejam juntos; essa é a verdadeira masculinidade.
Amados, a partir da indagação aparentemente irrelevante: “onde estava Adão quando a serpente tentou a mulher?”, três dos mais respeitados estudiosos da Bíblia e do comportamento humano, Dr. Larry Crabb, Don Hudson e Al Andrews, constroem uma obra da maior importância à compreensão de uma estranha característica do comportamento masculino: a omissão (seja de que tipo for). Acredite, vocês vão encontrar alguma em suas vidas. E sana-la vai fazer com que vocês se acheguem mais perto da vontade de Deus para vocês.

Desventuras da vida cristã, Philip Yancey

No primeiro capítulo, Yancey aborda a questão dos sinais e maravilhas de Deus em nossas vidas dizendo que co-existem, simultaneamente, dois mundos em nossas vidas: natural e sobrenatural. Para ele suas (his) ações ou adorações como cristão não são exclusivamente naturais ou sobrenaturais, são ambas as coisas funcionando ao mesmo tempo. Não é preciso ver milagres sobrenaturais para crer no amor de Deus, justamente porque Deus tem se revelado de maneira amorosa àqueles que assim o buscam.
No segundo capítulo, Yancey aborda a questão da tentação. Diz ele que a tentação é uma questão de pressão externa (estímulos e situações) ou interna (pensamentos sugestivos). Algumas tentações externas são passíveis de serem evitadas, mas aquelas que não é possível fazer isso basta, ele sabe que não é tão simples assim, fazer uma pressão interna de igual força e sentido contrário. Com a mesma força que somos pressionados para o pecado, podemos reagir em sentido contrário. Quanto às pressões internas (pensamentos) temos que reeducar nossas mentes para deixar de lado as recompensas óbvias e imediatas de aceitar o pecado e vislumbrar as recompensas de Deus que sempre aparecem em um horizonte mais amplo.
Aqui quero fazer um adendo de minha autoria: a palavra horizonte vem do grego e significa limite. Eu pergunto: e não é a fé em Deus pai algo que expande nossos limites além de nossa compreensão e nosso entendimento? Levando-nos a alcançar muito mais do que pedimos ou pensamos? Esse é o caráter das promessas de Deus, expandir nossos horizontes. Estamos preparados para isso? Não é preciso estar preparado, só é preciso crer.
Passos para se educar a mente: 1) vários salmos falam de como são melhores os frutos da vida cristã, de como é mais proveitoso não ceder às tentações; 2) substitua os pensamentos tentadores por algo melhor; a oração e as lembranças de tudo que já foi feito por Deus em sua vida ajudam; 3) sua mente segue padrões, mude esses padrões e mudará sua mente. Se tiver muita briga entre os filhos na hora de assistir TV, combine antes quais programas e horários cada um vai poder desfrutar; 4) rompa com o padrão do fracasso confessando. A ato de confessar a alguém que você errou com essa pessoa vai potencializar em você uma atitude diferente quando uma situação similar acontecer, além de você ganhar um parceiro de oração; 5) acima de tudo, LEMBRE-SE QUE VOCÊ É UM FILHO DE DEUS E É AMODO POR ELE. Para aqueles que quiserem ler sobre o papel da memória na vida do filho de Deus, eu recomendo O Silêncio de Adão, de Larry Crabb.
No terceiro capítulo se fala do instinto de competição que é tão presente em nossas vidas. Nosso meio é dividido entre Vencedores e Perdedores, seja na escola, no trabalho ou entre os amigos. Podemos até não ter muito a ganhar, mas o simples fato de superar o outro nos impulsiona à frente. Temos que ter sabedoria para que isso não tome mais espaço em nossas vidas do que o devido. Enquanto o mundo faz uma segregação entre Vencedores e Perdedores, uma família acolhe as diferenças e une a todos; esse é o padrão de Deus e Jesus sempre preferiu os perdedores.
No capítulo quatro a dor da derrota é encarada como algo que nos chama a atenção para algo que está errado. Assim como temos todo um aparelho sensitivo que nos alerta acerca de alguma ferida, temos também a consciência que nos diz aquilo que está acontecendo de errado. Funcionando como um aparelho sensitivo espiritual, ela nos leva a prestar atenção em nossa ferida e cura-la. A culpa que sentimos por nossos pecados tem um remédio: o perdão e o cuidado de Deus.
O capítulo cinco é um alerta ao papel positivo da solidão. Yancey chega a dizer que ela é a única coisa dentro dele que o força a doar-se a outras pessoas, não permitindo que ele viva de maneira independente sem se apoiar em outras pessoas. É como um ímã. Deus nos criou incompletos para nos voltarmos a outras pessoas necessidades semelhantes, em outras palavras, doar-nos aos relacionamentos.
Em contrapartida, no capítulo seis Yancey fala que amar outras pessoas de maneira desprendida como Jesus fez não significa descartar nossos necessidades e nossos desejos como se eles não existissem. Isso é impossível, diz ele...mas significa colocar duas coisas acima de todas as demais em minha vida: as outras pessoas e Deus.
Aqui eu faço mais um adendo, descartar nossas necessidades é algo incomensurável difícil no contexto que vivemos. Nos dias de Jesus e Paulo a sociedade era concebida de maneira inteira e como um todo que era superior às partes; o indivíduo não tinha razão de ser fora da sociedade. Nos dias de hoje isso mudou. Nossa sociedade é essencialmente individualista e o indivíduo é visto como alguém com independência frente aos outros que estão à sua volta. Para ler mais sobre esse ponto eu recomendo o livro A família no antigo testamento.
O capítulo sete fala da raiva e como responder a ela. Yancey coloca três tipos de reação: 1) reação, 2) ignorar, 3) responder de modo criativo. A raiva é inegável e não podemos parar de senti-la para sempre (Ef 4.31 e 32). É a raiva injustificável que devemos aplacar, já a raiva justificável pode ser respondida de forma criativa. Não negue que está com raiva, só não peque (Ef 4.26). Minha raiva pode ser boa quando governada por minha vontade em direção ao melhor (Tg 1.19) – Deus nos colocou no controle.
O capítulo onze fala do legalismo. Até quando vamos querer impressionar Deus com nossos esforços vãos. O legalismo gera o orgulho daqueles que se auto-denominam moralmente superiores. O legalismo também leva à hipocrisia: é o caso de coar o mosquito e engolir o camelo. O legalismo também vicia porque leva a um jogo de poder daqueles que se consideram mais santos do que os outros. O legalismo gera ainda a miopia diante de Deus: o cumprimento das regras para conseguir a aprovação de Deus encobre um desejo de se ter independência de Deus. O raciocínio é: estou aprovado, estou liberado. Em tudo isso o que importa é o princípio por trás da regra, o amor, e não a regra em si. Foi o que Jesus pregou praticou. Podemos entender a graça em oposição ao legalismo se entendermos a graça como a obra inconclusa de Deus em nós.
Com simplicidade, Philipi Yancey e seus colaboradores tratam do assunto com muita competência nesse livro. É um livro pequeno, porém de muito conteúdo.

Homens são ostras....mulheres, pés-de-cabra, David Clarke.

Este livro aborda a diferença entre os sexos de maneira bem humorada, e como nós podemos tirar proveito dela.
Caso você não tenha notado, os homens e as mulheres são diferentes. Muito diferentes. Você sabe – ela é falante, ele é do tipo forte e caladão. Ele é lógico, ela é emocional. É ele quem fica com o controle-remoto, enquanto os olhos dela disparam por 54 canais em 36 segundos. Essas diferenças dramáticas podem levá-los a se afastarem um do outro ou torná-los muito unidos.
O Dr. David Clarke (psicólogo cristão casado há 25 anos) compartilha neste livro sua singular e cômica compreensão para resolver a diferença entre os sexos. Ele mostra também estratégias para criar uma intensa intimidade no casamento.
Você descobrirá:
As surpreendentes razões por que homens e mulheres pensam, falam e se comportam de maneiras tão diferentes;
Novas estratégias de comunicação, que ajudarão vocês dois a se manterem realmente conectados em suas conversações;
Sugestões para a construção de uma paixão real em seu relacionamento;
Diretrizes bíblicas para o desenvolvimento da verdadeira intimidade espiritual.
Podemos perceber que os homens são controladores; mas por que isso? O autor começa por dizer que fomos criados para sermos assim. Desde criança o menino é incentivado a mostrar coragem e iniciativa. Ele se rala todo e volta para casa com as roupas parecendo que rolou em um monte de lama, enquanto deveria estar sentado na cadeira da escola aprendendo a ler. “Oh meu Deus, será que estão limpando as cadeiras daquela escola?”, a mãe pode perguntar. Com certeza sim. Contudo, ele é incentivado a ser assim, um explorador. Alguém que toma o controle da situação e está preparado para os maiores desafios.
Já as meninas estão muito distantes de serem assim. Elas são incentivadas a compartilhar, a falar sobre seus sentimentos, a cuidar bem de suas bonecas, etc. Elas vivem, desde pequenas, em um mundo de confissões e compartilhamento de segredos com suas amiguinhas. Quando elas amadurem e chegam ao casamento, elas seguem o mesmo padrão: continuam a compartilhar seus sentimentos incansavelmente. Isso faz parte delas, elas não sabem ser de outro jeito, e podemos perceber isso pelo valor da conta telefônica!
Quando se junta duas pessoas tão diferentes assim, é muito fácil percebermos que teremos um controlador nato que está acostumado a não falar de si mesmo e seguir solitário rumo ao seu desafio (uma concha), e uma companheira que nunca! está sozinha justamente porque quer compartilhar suas emoções o mais rápido possível. Quando ela decide que ele será quem escutará sobre seus sentimentos, ela será um pé-de-cabra. Ajustes são necessários.
Se você quer ter um relacionamento de profunda intimidade dentro de seu casamento, esse livro lhe ajudará bastante.
E muito mais! Pode ter certeza, este livro é ótimo!
Você está preparado para grandes mudanças? Aqui está toda a ajuda e encorajamento de que você precisa para tornar o seu casamento sólido e satisfatório como você sempre desejou.
O Dr. David Clarke tem ajudado milhares de casais a desenvolverem relacionamentos mais amorosos e saudáveis. Formado pelo Dallas Theological Seminary e pelo Western Conservative Baptist Seminary, ministra seminários práticos e divertidos sobre integridade emocional, intimidade e a arte de educar filhos, apresentando a verdade divina sobre os relacionamentos. Ele é caso com Sandy e o casal tem quatro filhos.

Aliviando a bagagem, Max Lucado.

Você carrega cargas que não deveria? O Bíblia diz que todos nós somos pecadores, e se dizemos que não, estamos mentindo.
Max Lucado apresenta um brilhante estudo do salmo 23 em que cada capítulo é dedicado a um versículo. Com a simpatia que lhe é peculiar e já conhecida por muitos leitores, o autor começa dizendo que ao sairmos de casa todas as manhãs, cada um de nós leva consigo pelo menos uma bagagem: o cansaço, a desconfiança, talvez a autoconfiança, o descontentamento, a preocupação, o desespero, a culpa, a arrogância, a aflição...Cada capítulo é dedicado um desses males e, seguindo os versículos do salmo 23, o autor fala de cada um deles e de como a oração de Davi para Deus pode ser vista de forma tão completa, segundo o coração de Deus.
Novamente salientamos o quanto surpreende a leveza e competência que o autor trata de temas tão profundos.
O capítulo 6, por exemplo, trata do fardo da preocupação, das famosas perguntas “E se”, “Como posso”. Para elucidar o versículo 2 – “guia-me mansamente a águas tranqüilas” – o autor elabora um estudo que passa por Hb 4.16 – “acharemos graça a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” – para nos lembrar que nossas perguntas se fazem sem sentido diante das promessas de Jesus de nos ajudar no devido tempo e justamente naquilo que será a necessidade. Seu socorro vem em favor daquele que confia nele e vai adiante, mesmo que não consiga enxergar a situação por inteiro.
Sl 121.8 – “O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída; desde agora e para sempre”. Com esse versículo, continuamos a ser lembrados das maravilhas de Deus e suas promessas de contínua proteção em nossos caminhos. Por que será então que insistimos em ficar perguntando a Deus como seguir em frente?
Quando Jesus instruiu seus discípulos sobre situações futuras de perseguição, disse: “Sempre que forem presos e levados a julgamento, não fiquem preocupados com o que vão dizer. Digam somente o que lhes for dado naquela hora, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito Santo.” (versão NVI). Isso nos lembra que Deus está constantemente nos guiando e nos dando as palavras necessárias para cada momento, para cada desafio. E porque, então, ainda carregamos o fardo da preocupação?
Com essas e outras reflexões, Max Lucado nos presenteia com um belo livro, de fácil leitura. O livro é dividido em pequenos capítulos que facilitam a leitura daqueles que gostam de, por exemplo, lerem um pouco antes de dormir, depois de um dia de fadigas.
Conheça mais a profundidade das promessas do salmo 23 e se livre das cargas que você nunca deveria ter carregado.
Max Lucado é escritor renomado, seve na Oak Hills Church of Christ onde mora, em San Antonio, Texas, EUA. É casado com Denalyn e tem três filhas.

"Quebrando a rotina: vivendo o melhor da vida", Max Lucado.

"Deus lhe deu singularidade, um talento, uma
habilidade, algo que é só seu para ser usado para
honrá-lo. Quebrando a rotina pode ajudá-lo a descobrir
essa singularidade, o "sweet pot" que coloca tudo isso
em perspectiva, e mostra-lhe como viver cada dia de
modo que você não só exista na criação de Deus, mas
também prospere no plano dEle". Phil McGraw

Vale a pena conferir. Boa leitura.

Por indicação de Ieda e Carlos.

Onde está Deus quando chega a dor, Philip Yancey

“Um livro maravilhoso. Uma obra-prima, completa, tocante, sem ser piegas. É o tipo de livro que você pensa que não prenderá sua atenção, mas que depois não consegue largar.” Jerry Jenkins, autor de onze livros que saíram na lista de mais vendidos do The New York Times, como a série Deixados para trás.

O sofrimento não é algo que passa desapercebido em nossas vidas. Verdadeiramente. Contudo, isso não significa não estejamos na presença de Deus quando a dor chega. “Em Jesus, Deus oferece um olhar pessoal e claro de sua reação ao sofrimento humano. Todas as nossas questões sobre Deus e o sofrimento deveriam, realmente, passar pelo filtro de nosso conhecimento sobre Jesus.” (p. 207) Deus não se eximiu da dor e se tornou um de nós. “No relato da Bíblia sobre a última noite de Jesus na terra, podemos ver uma forte luta contra o medo, o desamparo e a desesperança, as mesmas fronteiras que todos nós encontramos em nosso sofrimento.” (Idem)
“A cruz, imagem mais universal na religião cristã, oferece a prova de que Deus se importa com o sofrimento e a dor. Ele morreu por isso. Esse símbolo permanece único entre todas as religiões do mundo. Muitas delas têm deuses, mas somente uma tem um Deus que se importa o bastante para tornar-se homem e morrer.” (p. 208) Podemos ouvir o som do grito de Deus que diz aos seres humanos: AMO VOCÊS. “Deus não ficou lá em cima assistindo à conspiração dos trágicos eventos que se passavam aqui em baixo.” (p. 209)
A morte e a ressurreição de Jesus Cristo oferece mais que uma resposta teológica e abstrata para o problema da dor. Ela oferece uma ajuda prática e real em nossa luta contra o sofrimento. É possível identificar quatro maneiras pelas quais afetar o sofrimento ao se olhar para o milagre da cruz: (1) aprender a julgar o presente pelo futuro, não se esquecendo na escuridão aquilo que se aprendeu na luz, (2) aprender o exemplo da dor transformada, sentindo a dor como um ultraje assim como Jesus sentiu, mas estando disposto a enfrentar e o sofrimento para servir a um objetivo maior, (3) aprender um novo sentido para o sofrimento, sabendo que somos participantes do sofrimento de Cristo e ajudamos a realizar os propósitos redentores de Deus no mundo participando com ele da batalha para expulsar o mal deste planeta, (4) ter certeza de que Deus realmente entende minha dor, pois a presença do sofrimento não significa que Deus nos esqueceu, ao contrário, ao se juntar conosco na terra, o Senhor deu uma prova viva e histórica de que ouve nossos gemidos e também geme conosco. (pp. 210-215)
“Jesus, que não pecou, sofreu. Deus nunca prometeu (...) que os micróbios desaparecerão do corpo dos cristãos. Não estamos isentos das tragédias do mundo, assim como o próprio Deus não estava. Lembre-se de que Pedro mereceu a maior reprimenda de Jesus quando protestou contra a necessidade de Cristo sofrer (Mt 16).” (p. 211)
Ao participarmos do sofrimento de Cristo temos a certeza de que participamos de seu corpo. Os evangelhos nos mostram um Deus ao lado de nós, já as cartas dos apóstolos nos mostram um Deus interior (p. 216). São visões complementares que nos aproximam cada vez mais da vivência do amor de Deus por nós.
Como corpo devemos repassar a consolação que recebemos (2Co 1.4,5) e nos unirmos cada vez mais. Assim reage o corpo: “Se você pisar em meu dedo, vou gritar (...) Sei muito bem que o dedo é meu porque seu pé está sobre os meus sensórios da dor. A dor me define, define meus limites.” (p. 218) Através dela também somos capacitados por Deus a superar nossos limites e ampliar nossos horizontes, como que exaltados nos montes por aquele que nos chamou.
Para finalizar esse pequeno texto quero salientar a diferenciação que Yancey apresenta entre dor e sofrimento apresentada pelo Dr. Paul Brand: “Na sociedade humana sofremos porque não sentimos muita dor. Grande parte da tristeza existente no mundo tem como motivo o egoísmo do ser humano, que simplesmente não se incomoda com o sofrimento do próximo. No corpo humano, quando uma célula ou um grupo de células cresce e se desenvolve à custa do resto do organismo, chamamos isso de câncer (...) Entretanto, a alternativa para que o câncer não se desenvolva é a absoluta lealdade de cada célula para como o corpo e para com a cabeça.” (p. 219)
Para terminarmos, é bom dizer que “existe uma grande diferença que a maior parte das pessoas enfrenta – machucar-se ao esquiar, ter um tipo de câncer raro, sofrer um acidente de ônibus – e o sofrimento como castigo descrito no Antigo Testamento. Ali, o castigo acontece depois de várias advertências contra um comportamento específico. Na verdade, para ser eficaz o castigo requer uma clara ligação com o comportamento. Imagine um pai que castiga o filho pequeno. Não faria muito sentido ele aparecer de surpresa diante do em determinados momentos do dia e dar um sermão. Essa tática produziria um filho neurótico, não obediente.” (pp. 73-74)
Como é bom o conhecimento que vem de Deus.

O Islã e os judeus, Ph.D Mark A. Gabriel.

Você realmente entende o conflito que acontece na terra de Israel? Ou você apenas tem suas opiniões embasadas naquilo que passa nos jornais? Se a sua resposta é sim para as duas perguntas, esse livro vai abrir seus olhos e vai lhe acrescentar muito.
O autor faz com propriedade uma reconstrução dos principais acontecimentos históricos desse conflito e marca bem a significação de cada um deles dentro dessa trajetória sangrenta de ódio e incompreensão.
Contudo, o livro não fica apenas nisso. Com extrema competência, são arroladas passagens do Alcorão para esclarecer a fundamentação teórica que o mundo islâmico usa para fomentar cada vez mais o ódio que impulsiona o conflito nos dois lados do front.
O leitor encontrará, inclusive, um estudo histórico muito rico do Alcorão, através qual o autor contextualiza a elaboração das citações utilizadas no livro, levando em conta os períodos da vida de Maomé.
Para enriquecer mais ainda esse livro, é apresentado um estudo comparativo de citações da Bíblia e do Alcorão que se referem a Jesus e a Maomé, respectivamente. Nessas citações, o leitor poderá perceber a diferença de conduta pregada e praticada por ambos os líderes em suas vidas: enquanto Jesus pregava o amor a quem quer que fosse, Maomé referia-se aos judeus com ódio.
O autor salienta que, assim como Jesus é o referencial de conduta e atitude para os cristãos, Maomé o é para os islâmicos. Os islâmicos seguem as palavras de Maomé e imitam suas atitudes justamente porque ele é o melhor homem que já viveu, o único profeta de Deus. Daí porque as palavras de Maomé contra os judeus, encontradas no Alcorão, são seguidas até hoje, quase mil e quinhentos anos depois de serem escritas.
Como cristãos, podemos entender como o amor se perpetua, mas é muito difícil entender como o ódio pode durar tanto tempo. Com esse livro, esse entendimento virá à tona e o leitor poderá abrir seus olhos para as verdadeiras razões desse conflito.
Esclarecemos que o livro não se trata, em momento algum, de um elogio à conduta dos judeus e um repúdio à conduta dos muçulmanos. Esse não é o teor desse livro. O autor é extremamente feliz em suas colocações e esforça-se apenas para elucidar nosso entendimento sobre esse conflito tão sangrento, buscando tanto fundamentação teórica, como embasamento textual no livro sagrado dos muçulmanos.

O autor, Ph.D. Mark A. Gabriel, nasceu em uma família muçulmana no Egito e conseguia citar o Alcorão inteiro aos doze anos de idade. Sua educação em toda a infância foi em escolas muçulmanas, e ele se doutorou em história e cultura islâmicas pela Universidade de Al-Azhar, a escola que é fonte da autoridade espiritual para o mundo islâmico.